quinta-feira, 17 de março de 2011

Japão traz mais incerteza para economia global, diz Tombini

O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, afirmou nesta
quinta-feira que a alta recente do petróleo e a tragédia no Japão são
elementos novos que aumentaram o grau de complexidade da definição da
política monetária.

Segundo ele, a alta de até 24% dos preços do petróleo desde o início de
manifestações em países árabes cria um fator de incerteza sobre as
expectativas de inflação e o crescimento global.
"A atual precificação desses movimentos pode ainda estar sujeita a mais
surpresas caso grandes produtores não consigam nivelar a oferta global",
afirmou em discurso na cerimônia de posse da nova presidência da Febraban.

Além disso, disse Tombini, as consequências do terremoto no Japão podem
levar à interrupção de cadeias produtivas e repatriação de ativos
japoneses, criando incertezas sobre a demanda por importados e sobre as
taxas de câmbio.
"Diante desses novos desdobramentos, devemos continuar a observar
atentamente o quadro internacional, inclusive o seu efeito sobre o ciclo
global de crescimento e sobre preços dos ajustes nas políticas de
importantes economias."
Os comentários vêm uma semana depois da divulgação da ata da última
reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que no início do mês
decidiu elevar a Selic em 0,5 ponto, para 11,75%, em meio a esforços do
BC para conter a inflação.

De acordo com Tombini, o quadro atual da economia demanda "um esforço
analítico mais sofisticado do que o usual", já que há pressões correndo
simultaneamente em direções opostas.
No caso da inflação doméstica, além da alta das commodities em curso
desde a segunda metade de 2010, há também uma pressão de preços mais
persistente no setor de serviços, provocada entre outros motivos pelas
condições positivas do mercado de trabalho.
Para Tombini, a junção desses fatores está criando um descompasso entre
as taxas de crescimento da oferta e da demanda, que "tende a recuar com
a desaceleração da atividade".
Ele frisou o teor da ata do Copom de que o BC está ciente de que a
inflação acumulada em 12 meses deve seguir elevada nos próximos meses
também por causa da inércia trazida de 2010.
"(Mas) no final de 2011, configura-se uma tendência declinante para a
inflação, deslocando-se na direção da trajetória de metas", afirmou.

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