terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Natal 2009

 

O dano dos Anabolizantes

Pesquisa inédita revela que essas substâncias degeneram a saúde do coração, do cérebro e elevam o risco de morte súbita
Mônica Tarantino

Pela primeira vez, a medicina conseguiu descrever o impacto provocado pelo uso de esteroides anabolizantes no coração e no cérebro. Em um estudo que teve duração de quatro anos, a cardiologista Janieire Alves, da Unidade de Reabilitação Cardíaca e Fisiologia do Exercício do Instituto do Coração, de São Paulo, avaliou 40 homens com idades entre 18 e 40 anos que assumidamente se automedicavam com doses regulares dessas substâncias havia dois anos. Essas drogas imitam o hormônio masculino testosterona e são usadas com a finalidade de aumentar a massa muscular e reduzir a fadiga.

Os prejuízos ao corpo são impressionantes. "Os usuários apresentam um risco cinco vezes maior de ter acidente vascular cerebral, parada cardíaca ou morte súbita do que a população em geral", afirma a médica Janieire. As conclusões do trabalho serão publicadas em maio de 2010 pela mais renomada revista científica de medicina do esporte, a "Medicine & Science in Sports & Exercise", do American College of Sports Medicine. "É um avanço mundial no conhecimento sobre a utilização desses compostos", afirma Carlos Eduardo Negrão, que participou da pesquisa. Os voluntários do estudo foram submetidos a testes de sangue e a exames para medir a capacidade pulmonar e cardíaca de oxigenar o corpo a cada quatro meses. Porém, essa exigência reduziu o número final de participantes. Só 12 fizeram todos os testes. Além disso, dois tiveram morte súbita e um ficou com câncer de fígado. Os exames revelaram uma preocupante redução do colesterol bom (HDL) e o aumento do ruim (LDL) e dos níveis de pressão arterial (leia mais no quadro), o que eleva o risco de entupimento dos vasos sanguíneos cerebrais e do coração.

A cardiologista Janieire também identificou uma intensa mudança no ritmo do sistema nervoso simpático, que regula a contração dos vasos, a aceleração dos batimentos cardíacos e a concentração do hormônio noradrenalina no sangue. Essas modificações aumentam o esforço do coração para bombear o sangue. "Há casos em que os músculos e áreas do próprio coração recebiam apenas 40% do sangue necessário", diz a cardiologista.
A associação dessas alterações aumenta as chances de insuficiência cardíaca precoce. O que os pesquisadores não conseguiram saber é se esses efeitos são reversíveis, com a interrupção do uso. "Não foi possível ter essa resposta porque os voluntários voltavam a tomar as substâncias quando sentiam uma perda de massa muscular", lamenta Janieire.


A "bomba" é ainda pior
Nova pesquisa alerta para os perigos dos anabolizantes. E revela que eles podem levar à morte súbita de seus usuários.
O efeito dos anabolizantes sobre o coração e o cérebro é muito mais perigoso do que se suspeitava. Pesquisa recente, coordenada pela cardiologista Janieire Nunes Alves, da Unidade de Reabilitação e Fisiologia do Exercício do Instituto do Coração, em São Paulo, revelou que os usuários dessas substâncias têm cinco vezes mais riscos de sofrer um derrame ou parada cardíaca. E que o uso de anabolizantes pode causar câncer e até levar à morte súbita. Confira, abaixo, a entrevista exclusiva que a especialista concedeu a ISTOÉ Online.

ISTOÉ –  Quem participou da sua pesquisa? 
Janieire Alves – Homens com idade entre 18 e 40 anos que tomavam essas substâncias havia dois anos. Para achá-los, eu fui a várias academias, especialmente a algumas em que se sabia serem pontos de consumo regular de anabolizantes, para perguntar quem gostaria de participar da pesquisa. Mas foi muito difícil conseguir voluntários. As pessoas têm muito medo de ser expostas. Eles só aceitaram participar com a garantia de sigilo absoluto de seus nomes. Um dos motivos é a sua participação em competições, pois o uso de anabolizantes é ilegal. Consegui 40 pessoas, mas apenas 12 fizeram todos os testes necessários.

ISTOÉ – Os testes de rotina, feitos por atletas, não detectam os anabolizantes?
Janieire Alves – Detectam, mas há vários meios de mascarar esses resultados durante o período de competições. Para fazer nosso estudo, por exemplo, a sensibilidade do teste de urina feito inicialmente para atestar o uso foi aumentada dez vezes. Esses exames foram realizados em parceria com a professora Regina Moreau, no Laboratório de Toxicologia da Faculdade de Farmacologia da USP.

ISTOÉ – Como essas substâncias são ingeridas?

Janieire Alves – Por injeção ou via oral. No grupo estudado, vi que o uso se dá em ciclos. As pessoas tomam por cerca de dois meses, depois param algum tempo e voltam quando sentem que a musculatura começa a diminuir.

ISTOÉ – Algum dos voluntários deixou de tomar anabolizantes depois de conhecer mais sobre os efeitos que essas drogas estavam provocando no organismo?
Janieire Alves – Não. De todas as pessoas que participaram, apenas três aceitaram receber apoio psicológico para não usar mais. Um deles estava com sintomas iniciais de câncer de fígado, que é outro efeito colateral do uso constante dessas drogas.

ISTOÉ – Os anabolizantes causam alguma dependência física ou psicológica?
Janieire Alves – Pude observar que a maioria dos voluntários manifesta um transtorno de imagem conhecido como vigorexia. Por mais musculosos que estejam, eles se vêem pequenos e, por isso, precisam ganhar mais massa muscular. É praticamente o oposto da anorexia, em que a pessoa se julga gorda, ainda que isso não corresponda ao peso apontado pela balança ou à imagem refletida no espelho.

ISTOÉ – Qual é a substância mais consumida?
Janieire Alves – No grupo analisado, o estanozolol. É uma droga injetável, indicada para uso veterinário. Ela é mais consumida por ser mais acessível e de baixo custo. Promove a recuperação da musculatura dos animais. Mas existem dezenas de outras substâncias.

ISTOÉ –  A musculatura obtida com anabolizantes é igual a conquistada com muita malhação?

Janieire Alves – Nosso estudo mostrou que o ganho excessivo de musculatura, o aumento do tamanho do músculo cardíaco e alterações de pressão acontecem também com as pessoas que praticam musculação em alta intensidade, ou participam das competições de halterofilismo, porém em magnitude muito inferior àqueles que tomam anabolizantes. Na população estudada por nós, identificamos que há uma piora significativa da irrigação dos tecidos. Em testes para avaliar a capacidade cardíaca e respiratória, vimos que essas pessoas ganham força, mas não têm condicionamento ou resistência equivalentes.

ISTOÉ – Existe uma dose segura de anabolizantes?
Janieire Alves - Os anabolizantes são substâncias análogas à testosterona, fabricada nos testículos. Se ela já existe em quantidade suficiente no organismo, doses adicionais inibirão a produção orgânica (natural). A questão é que as substâncias sintéticas não são aceitas da mesma forma que a testosterona natural por outras glândulas, o que inicia um desequilíbrio na troca de mensagens entre os hormônios que regulam os ritmos do corpo. Em consequência, isso leva aos efeitos indesejáveis. Na minha opinião, não se deve tomar se não existe carência provada em exames laboratoriais. O estudo que fizemos fornece sólido embasamento científico mostrando que, para o sistema cardiovascular, essas substâncias são muito deletérias. Elas agem, por exemplo, sobre a glândula supra-renal, estimulando a maior liberação de noradrenalina, que pode aumentar o risco de desenvolvimento de arritmias cardíacas (alterações do ritmo cardíaco), podendo levar até à morte súbita.

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quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Seguro de carro zero mais barato com Earth e Maps

Resolução 245 do CONTRAN foi muito criticada, mas não tem mais volta. A partir de 2010, veículos novos vão sair de fábrica com novo sistema antifurto por satélite e empresas do setor vão ganhar um novo nicho de mercado.

As ferramentas mais poderosas que surgiram na área de geoinformação nos últimos anos são o Google Earth e o Google Maps.

Mais do que facilitar a identificação de uma determinada localidade de forma interativa, com a integração de imagens de satélite com objetos em 3D e visualização em 360 graus, difundiram o uso das aplicações baseadas em localização para vários setores da sociedade.

A partir de então surgiram diferentes formas de visualizar coordenadas geográficas – antes para a maioria das pessoas não representavam muita coisa e hoje são essenciais para identificar células mercadológicas baseadas nas ferramentas de geomarketing e criação de cluster para diferenciar tipos de clientes. Uma das aplicações mais utilizadas corporativamente é o rastreamento e monitoramento de veículos. As empresas de tecnologia embarcada estão se reestruturando e adquirindo licenças para fins corporativos do Google Maps Premier com o objetivo de oferecer melhores serviços aos seus clientes.

Qualquer empresa pode usar a versão gratuita do Google Maps ou Earth para disponibilizar informações para os seus clientes, desde que não exista nenhuma barreira no acesso às informações. Porém, caso o serviço solicite login e senha aos clientes, é obrigatório obter uma licença corporativa do software. Várias empresas ainda utilizam a versão free, apesar de informar para o contratante que contam com a licença oficial. Acabam repassando o custo do serviço ao cliente. Embora a API padrão do Google Maps tenha o mesmo recurso interativo, a versão Premier conta com funcionalidades adicionais, ideais para empresas que tenham necessidades de incluir mapas em sites públicos essenciais, aplicativos web pagos, sites internos e aplicativos de rastreamento ativos.

Os custos da API Premier do Google Maps se baseiam no número de visualizações de páginas de mapas referentes a sites voltados ao público. Para outros aplicativos, se baseiam nas visualizações de páginas de mapas, número de usuários, número de veículos ou ativos rastreados.

É considerado um ativo rastreado a visualização de posições nos mapas do Google, por isso é obrigatório obter a licença. Pensando nisso, a Google está trabalhando na divulgação de como as empresas podem obter a licença corporativa e informando que em breve algumas chaves poderão ser fechadas, entre elas a visualização de ativos rastreados.

Com a chegada da Resolução 245, que se refere a um dispositivo antifurto embarcado nos veículos novos, com funções de bloqueio remoto e de localização, um grande mercado vai se abrir para as aplicações de rastreamento e monitoramento de ativos. A resolução 245 tem como objetivo gerar e implementar mecanismos de cooperação entre a União, Estados e iniciativa privada para o desenvolvimento de ações conjuntas de combate ao furto e roubo de veículos e cargas. Embora muitas pessoas estejam preocupadas com a privacidade e considerem a Resolução 245 um absurdo, esta é uma decisão que não tem mais volta.

Os mecanismos antifurto serão implantados paulatinamente em toda a frota de veículos novos e as melhorias virão a partir dos resultados obtidos por esta iniciativa.

Entre os benefícios, o custo dos seguros tenderá a cair.

Hoje, cerca de 400 mil carros são roubados ou furtados todos os anos no Brasil. Este é um dos fatores que pesa no cálculo das apólices de seguros, segundo dados da Federação Nacional de Empresas de Seguros (Fenaseg), uma das entidades apoiadoras da medida. As seguradoras, pensando em minimizar as indenizações, em alguns casos só aceitam fazer o seguro do automóvel se estiver equipado com um dispositivo antifurto, seja ele rastreador, localizador ou bloqueador, pois em caso de roubo as chances de localizar o veículo são de até 90%.

Embora o cidadão ainda não saiba como e quanto irá pagar pelo serviço ou se será beneficiado com o custo mais baixo do seguro, alguns consumidores acham que vale a pena ter um equipamento que facilite a localização de seu veículo. Montadoras, empresas de telecomunicações, companhias de tecnologia de rastreamento e monitoramento, seguradoras, certificadoras e associações envolvidas estão cada vez mais próximas do produto ideal, que fará parte da frota nacional a partir de 2010. A previsão é que o desenvolvimento do sistema termine em fevereiro de 2010 e, a partir de então, o equipamento de localização entre na linha de montagem.

Pelo cronograma do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), divulgado em julho deste ano, 20% dos carros novos sairão de fábrica com o equipamento em fevereiro de 2010. O percentual subirá gradativamente até atingir 100% em outubro. Para veículos como caminhões e ônibus, o prazo final é dezembro do mesmo ano.

Se o consumidor quiser contratar o serviço deverá buscar um dos prestadores homologados pelo Denatran. Porém ainda será possível contratar o serviço de um prestador não homologado, mas o consumidor terá que instalar outro dispositivo que não o de fábrica.

O aprimoramento do cliente e usuário que utiliza mapas interativos é o melhor caminho para integrar tecnologia online com a legislação atual.